Foi hoje apresentado em Lisboa o novo livro do poeta e jornalista Torquato da Luz: "Espelho Íntimo". Publicado pela nóvel editora o cão que lê, em cuidada edição, coube a Inês Ramos a declamação de alguns dos poemas que o constituem dos quais destaco os dois que reproduzo.
ESTE PAÍS
Esta ideia de não valer a pena,
esta dúvida antiga e permanente,
esta raiva que insiste em ser presente,
este ar pesado que tudo envenena
Este agitado mar que não serena,
esta fria manhã, outrora quente,
esta lâmina fina e persistente,
esta dor que deixou de ser pequena
Este grito que nunca mais desata,
este nó apertado na garganta,
esta fome que é tanta, tanta, tanta,
este país amado que me mata.
A apresentação esteve a cargo de João Gonçalves, do blogue PORTUGAL DOS PEQUENINOS, que esteve igual a si próprio, polémico e sem papas na língua. Destacou a faceta de jornalista do autor, lamentando por um lado que Torquato da Luz já não "exerça" e por outro lado que já não existam jornalistas como ele, capazes de opinar e não apenas reprodutores de trivialidades. Criticou também o "meio" literário e poético português, constituído por meia dúzia de indivíduos que se protegem uns aos outros tecendo mutuamente loas, à vez...
POR ORA
Por ora ainda é possível desenhar
as letras da palavra liberdade
e uma a uma afixá-las no lugar
mais alto e arejado da cidade.
Por ora ainda é possível agitar
uma bandeira, desfraldar um grito,
como quem se debruça sobre o mar
e olha da varanda o infinito.
Por ora ainda é possível perseguir
o dia que algum dia há-de chegar.
Por ora ainda é possível resistir.
Por ora ainda nos deixam respirar.
Parabéns caro Torquato por mais esta magnífica obra e por não esquecer os amigos, como o nosso Jorge, que recordou em breve conversa que teve comigo. Felicidades!
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