Carta publicada hoje no Diário de Notícias da Madeira
Imoral. Indecente. São adjectivos que parecem leves para descrever o atentado que está a ser cometido no cais norte do porto do Funchal.
O projecto da obra do auto-silo que está a ser construído nunca foi publicamente apresentado. Muito menos discutido. Mas o monstro cresce. Ganha uma volumetria assustadora, totalmente inestética e absolutamente aberrante. A extensão horizontal da obra era já de si muito polémica e discutível, na medida em que poderia impor limitações à operacionalidade dos navios que atracam naquele cais.
Restava saber se, em altura, o monstro cresceria acima dos 2 pisos já construídos.
Dito e feito. O 3º piso avança mesmo a grande ritmo e uma parede de betão tapará para sempre a vista para o mar e para os navios a partir da Avenida Sá Carneiro. Aquela vista que todos nós, desde pequeninos, nos habituámos a desfrutar desde a zona das Vespas e arredores vai mesmo desaparecer.
Lentamente uma das zonas mais nobres e com maior potencial da cidade do Funchal - a nossa porta de entrada - vai sufocando e agonizando. Enfim, não há muitas palavras... Estou triste, profundamente triste, por constatar que, por um lado, os nossos governantes vivem num mundo à parte, completamente alheados do bom senso e das mais básicas regras urbanísticas e paisagísticas, e, por outro, que todos nós, amantes do Funchal, do seu magnífico porto, da actividade náutica e turística, das vistas largas, dos horizontes amplos, fomos incapazes de impedir mais este inacreditável atentado.
Exactamente as vistas e os horizontes largos que os que comandam os nossos destinos não conseguem nem nunca conseguirão ter. Deviam ter vergonha por estar a hipotecar tanto potencial comum.
Mas vindo da Sociedade Metropolitana de Desenvolvimento (qual desenvolvimento?) era de esperar tudo. Senão veja-se os exemplos do infelizmente famoso poço dos Reis Magos ou do ridículo projecto da promenade da praia Formosa. Inclusive no caso deste último, a incompetência na execução da obra veda-nos a todos, há 4 anos seguidos, o acesso às três magníficas praias a poente. Só mesmo na Madeira - terra da pacatez e do deixa andar.
Esta terra é de facto miserabilista e com horizontes de futuro muito curtos e limitados. Não há orgulho que resista...
N. Sousa
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3 comentários:
É pena estes sanguessugas desta dita "Madeira Nova" não levarem uma "tareia" a sério,pois infelizmente os madeirenses continuam a viver nos "brandos costumes".Enfim,"lá vamos cantando e rindo..."
O PÚBLICO denunciou este atentado ao divulgando o projecto nunca revelado na Madeira. Mas ninguém reagiu.
Será mais um monstro de facto consumado.
Quando é que o PUBLICO deu isso? Gostaria que A GACARRA reproduzisse o artigo e o projecto.
Obrigado
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