quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

SURFISTAS, CUIDADO! - ALEXANDRE CANHA

Publicado no Diário de Notícias da Madeira nas cartas dos leitores

Nesta última semana, foram publicados alguns testemunhos, referindo que o surf voltou ao Jardim do Mar e, inclusivamente, uma empresária da freguesia montou uma câmara para mostrar as ondas na internet, e assim atrair mais clientes.

Esta história de pintar de "cor-de-rosa" a outrora famosa onda do Jardim é PERIGOSA, e é perigosa porque cria certos entusiasmos e expectativas nos surfistas forasteiros, que podem acabar em tragédia (e tenham a certeza, se nada for feito, vai haver mesmo TRAGÉDIA!)

Para começar, depois da destruição deste "pico", só se pode fazer surf com a maré vazia, mas mesmo com a maré vazia, um pequeno azar é a morte do artista, neste caso do surfista. Por exemplo, basta o fio que une a prancha ao pé do surfista partir (strep) ou cair a surfar a onda, para ser arrastado para o meio daqueles milhares de enormes cubos em cimento que estão lá. Só para terem uma ideia, num dia de grande ondulação (swell) uma onda a quebrar na ponta Jardim é o mesmo que despejar uma piscina olímpica em cima de uma pessoa. Há tempos, o dr. Lauro Diniz, "o pai" do surf na Madeira, viu uma prancha entrar no meio dos blocos e nunca mais aparecer. Numa aflição, não existe qualquer hipótese de um atleta trepar aqueles cortantes e escorregadios cubos, ou foge rapidamente da zona ou é atirado com violência contra o enrocamento.

E faço este alerta, porque o surf é moda, passa nas telenovelas, e atrai muita malta jovem, que "embriagada" pela tal propaganda enganosa de certos arrivistas, vai entrar numa verdadeira armadilha, que pode ser mortal. Neste momento, até os surfistas locais experientes em ondas grandes, como Fabrício, Orlando e Belmiro, surfam ali com extremo cuidado, aliás, com muita paciência, já desmobilizaram surfistas do tipo "morangos com açúcar" para a perigosidade actual daquela onda.

Na altura que as organizações surfistas e ambientalistas foram ao Jardim do Mar na tentativa de explicar à população que se podia fazer a muralha de protecção junto da arriba, deixando o calhau livre para as lapas, caramujos e para o surf, os caciques locais instrumentalizaram o povo, e estes correram violentamente com os surfistas, nem os deixando falar. Derrubaram aos pontapés a mesa que a Prof. Sofia Canha preparara para o esclarecimento, ameaçaram violentamente os presentes e, duma forma selvagem e troglodita, escorraçaram o pessoal do local. Um tal Acácio Félix chegou mesmo a dizer que os surfistas eram um bando de drogados e que estava farto de encontrar seringas no meio das bananeiras. (Refira-se aqui a intervenção do Pároco local que condenou na missa a arruaça que envergonhou a freguesia)

Se encheram os bolsos do Lobby do Betão e enganaram os desgraçados dos "jardineiros" não venham agora os trafulhas do costume branquear e embonecar uma prática desportiva que se tornou extremamente perigosa e arriscada.

Sem comentários:

 
Free counter and web stats
Web Pages referring to this page
Link to this page and get a link back!