terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

QUE MEDO É ESTE? - GUIDA VIEIRA

Artigo de opinião no Diário de Notícias da Madeira

Quem faz os partidos grandes ou pequenos é o povo que vota, por isso, o que é pequeno hoje, amanhã pode crescer

Nesta altura da maior crise económica das últimas décadas, onde aumenta todos os dias o número de pessoas desempregadas e pobres, o País anda "entretido" a discutir se o Primeiro-Ministro, José Sócrates, é ou não culpado de corrupção, quando foi Ministro do Ambiente, no caso da autorização para a construção do Centro Comercial "Freeport", numa Zona de Protecção Especial.

E o PM, em vez de esclarecer claramente este assunto e provar aos Portugueses que nada tem a ver com as suspeitas de que é alvo, ainda alimenta mais a especulação, quando se faz de vítima, falando em "poderes ocultos" e "campanha negra", não apresentando nada de concreto que possa dissipar os rumores. Os portugueses gostavam de ter outras respostas, porque não é fácil ter um PM a gerir o nosso País com semelhante suspeita em cima, e o caso é tão sério, que as respostas têm que ser também mais sérias e urgentes.

Enquanto este assunto ocupa as primeiras notícias, da maioria dos órgãos de informação, pouco se fala dos problemas reais do país, dos postos de trabalho prometidos e não criados, dos ataques diários aos direitos dos trabalhadores, das empresas que fecham diariamente, da fome que já alastra em muitas famílias, do aumento da criminalidade e da toxicodependência, do drama de muita gente que está a entregar a casa ao Banco por ter perdido os rendimentos do seu trabalho.

E aqui nesta "Santa Terra" o que se passa? Os desempregados (oficiais) atingiram um número recorde em Dezembro de 2008 (9302), contrariando a tese de Brazão de Castro de que o desemprego estava a descer e a dar, infelizmente, razão ao BE que, só por contrariar o dito Secretário e ter-lhe chamado "mentiroso", teve dois processos em Tribunal, por parte deste, que, para nossa desgraça, continua a repetir sempre a mesma cassete riscada, sem admitir que a situação é muito grave e que exige respostas novas.

Todos os problemas do País existem na Região e, em vez de o Governo Regional começar a preocupar-se seriamente em enfrentá-los, mete a cabeça na areia como a avestruz e lá vai cantando a mesma ladainha à volta da Ilha, com um cenário quase mirabolante, porque, para o PSD, o que interessa é arregimentar votos, contra os inimigos do costume, não lhe interessando esclarecer os verdadeiros problemas que a Madeira enfrenta e que são muito graves.

Até se dá ao luxo de mandar "passear" o Secretário das Finanças durante 3 semanas, considerando que não faz falta cá, porque está tudo controlado pelo "Super Governante" que o dispensa, se calhar a ele e a muitos outros, provando que não pensa ir embora tão rapidamente como alguns apregoam.

E tudo isto sem que haja debate na comunicação social pública. Os "pseudo" debates a dois mais não são do que ouvir a defesa dos dois Governos, de lá e de cá, sem outras opiniões que possam enriquecer o debate de ideias e de propostas.

O medo do debate é o medo da diferença, o medo de não controlar, de não saber o que vai ser dito ou proposto.

Por isso é que os dois partidos, primeiro, o PS pela voz de JC Gouveia (Agosto de 2008, no Tribuna da Mad.), e o PSD, por muitas vozes, já vieram dizer que querem alterar a lei eleitoral para que os partidos mais pequenos não tenham lugar no Parlamento.

Porquê tanto medo? Se são mais pequenos, já têm menos deputados, porquê tanto horror?

Porque são eles que fazem o exercício da verdadeira democracia, pois na sua maioria não têm interesses a defender, a não ser o bem público, e por isso sempre incomodaram os que acham que a democracia é uma chatice.

Mas quem faz os partidos grandes ou pequenos é o povo que vota, por isso, o que é pequeno hoje, amanhã pode crescer. O contrário também é verdade.

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